Quando leio, sinto que a poesia se abre em lacunas, como portas que esperam pela minha chave. Não está toda escrita; cabe a mim preenchê-la com a minha interpretação, com os meus próprios sentimentos. É nesse espaço vazio que mora a inspiração.
Descubro que poesia não é só aquilo que vejo impresso em livros. Ela é o lirismo que escapa de uma fotografia antiga, o arrepio ao ouvir uma música que não sei explicar, o silêncio entre duas falas de uma peça de teatro. Às vezes está numa tela de museu, outras vezes numa conversa simples que termina em riso.
A poesia não se impõe como um texto argumentativo, cheio de regras e estruturas. Ela dança, paira no ar, respira ao meu lado. É como um clima que envolve tudo: leveza, sensibilidade, interpretação.
E penso: cada vez que assisto a um filme, cada vez que contemplo uma pintura, estou diante de poesia. Não importa se o artista a nomeou assim ou não. O que importa é o que sinto, o que se acende dentro de mim.
Por isso, quando me perguntam o que é poesia brasileira, respondo sem hesitar: é toda obra, todo gesto, toda criação que consegue despertar esse lirismo em mim. A poesia é mais que um gênero literário. É um estado de alma.
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